Você fotografa melhor do que uma pedra?


Semana passada escrevi sobre os pequenos detalhes que podem fazer toda a diferença ao tirar fotos até com a mais simples das câmeras – aquelas conhecidas como point&shoot, de “aponte e dispare”. Concentrei-me na importância do “disparar”, especificamente em apertar de leve o botão para pré-focalizar e calcular a exposição. Pois hoje vamos discutir um pouco a parte do “apontar”. Ou, em outras palavras, no enquadramento da foto.


Quem costuma viajar sozinho ou a dois frequentemente passa pela situação de querer tirar uma foto sua ou com a sua cara-metade naquele cenário de cartão postal, quase sempre sem ter um tripé à mão. A opção mais simples é esticar o braço e tentar acertar a mira do auto-retrato, o que é bem mais fácil quando se tem uma câmera com tela articulada (ou duas telas, como nas Samsung DualView), mas isso limita bastante o quanto do cenário vai caber na foto.


Outras alternativas são pedir para algum desconhecido tirar a foto para você ou apoiar a câmera em cima de alguma coisa, acionar o modo de contagem regressiva e correr para o abraço. Destas duas, tenho que admitir que prefiro a última. Não apenas porque não sou muito de abordar desconhecidos na rua, mas porque confio mais nas habilidades fotográficas de uma pedra do que nas deles. Literalmente.


Certa vez, em uma viagem pelas Montanhas Rochosas, no Canadá, estava equilibrando a câmera sobre uma pedra para tirar uma foto com a minha mulher quando uma outra turista percebeu e ofereceu ajuda. Já tínhamos batido a primeira foto, mas aceitamos o favor, para não ficar chato. O resultado é que na foto da gentil companheira de viagem saímos bem no meio do quadro, com os pés cortados e um pinheiro brotando das nossas cabeças. A tirada “pela pedra” ficou perfeita!


As regras básicas da composição


Antes de mais nada, é bom deixar claro que toda regra existe para ser quebrada e que os grandes fotógrafos criam maravilhas sem dar a mínima para as orientações a seguir. Mas para quem não tem muita criatividade, como eu, ou está começando a fotografar agora, pode ser útil prestar atenção a esses detalhes na hora de enquadrar suas fotos. Nem que seja para evitar ser comparado com uma pedra :-)


A famosa regra dos terços


Provavelmente a regra mais famosa da fotografia é a dos terços, que recomenda posicionar o sujeito da foto em uma das interseções de quatro linhas imaginárias traçadas nos terços da largura e da altura do quadro – ou nas próprias linhas, quando se tratar de um sujeito mais extenso. Ou seja: em vez de centralizar o elemento mais importante, tente deixá-lo a um terço da extremidade da foto. Ah, e se o elemento for alguém olhando para o lado, recomenda-se que esteja voltado para “dentro” da foto, e não para a lateral mais próxima.


Algumas câmeras têm a opção de mostrar as linhas da regra dos terços no visor, mas na maioria das vezes dá para enquadrar “no olho mesmo”. No caso das fotos de cartão postal, a regra dos terços ainda tem a vantagem de garantir que o cenário em questão receba o devido destaque. Afinal, naquela sua foto com a Torre Eiffel, a idéia é que ambos apareçam – e não que você esteja exatamente na frente da torre.


Por falar nisso, outra dica é prestar atenção em tudo o que está atrás ou ao redor do seu sujeito, justamente para evitar que um pinheiro ou uma torre pareça estar saindo da cabeça do coitado – a não ser, como já mencionei, se isto for o que a sua criatividade pedir. Em alguns casos, dá para fazer o próprio sujeito cobrir o elemento indesejado, mas se não der é melhor chegar um pouco para o lado.


Mais uma regrinha básica é tomar cuidado para o horizonte não ficar torto. Novamente, se você quiser uma foto deliberadamente inclinada, vá em frente – valorizar linhas diagonais também é uma dica de composição bastante comum! O que deve ser evitado é aquela leve inclinação acidental, principalmente quando há um horizonte bem definido.


Por fim, uma recomendação de enquadramento que soa um tanto redundante é tentar emoldurar o sujeito da foto. Não com as bordas da foto em si, mas com algum elemento do cenário. Pode ser algo tão concreto quanto uma foto tirada através de uma janela ou apenas algumas árvores sugerindo uma moldura. Pode ser clichê, mas é mais uma regra para ser quebrada.


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