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Apontar e disparar pode não ser tão simples quanto parece

Imagine a câmera digital mais simples possível, com um único botão (e nada de tela sensível ao toque, também), nenhum ajuste manual ou possibilidade de configuração. Deveria ser facílima de usar, sem a menor chance de erro, certo? A definição perfeita daquilo que costumam chamar depoint & shoot, ou “aponte e dispare”. Só que, mesmo nesse tipo de câmera, dá para fazer algumas coisas erradas.
O principal erro de quem está começando a fotografar é justamente achar que aquele botão, geralmente o maior da câmera, é binário como o gatilho de uma arma. O “aponte e dispare” não é tão literal assim, pois o disparador das câmeras quase sempre tem duas funções distintas: além de “mandar” a câmera tirar a foto, ele serve para focalizar (exceto nas câmeras chinfrins, de foco fixo) e calcular sua exposição.
Como usar um só botão para mais de uma finalidade? Simples: basta pressioná-lo levemente, sem ir até o final. Normalmente dá para sentir essa “meia-trava” no dedo, além de a maioria das câmeras dar algum tipo de feedback, como um indicador no visor ou um discreto sinal sonoro. Se você sempre soube disso, queria desculpar-me por começar tão do início. Mas, acredite, muita gente fotografa a torto e a direito sem usar este recurso tão básico.
Quando damos esse leve toque no disparador, o foco automático da câmera tentará focalizar a imagem e o que nós da antiga conhecemos como fotômetro calculará a velocidade e abertura que considera mais adequada para uma boa exposição. Enquanto mantivermos o botão semi-pressionado, o foco e exposição ficarão “travados” até que terminemos de apertar o botão para tirar a foto ou soltemos o dito cujo para começar de novo.
E daí?
Para que serve isso? Bom, se já lhe aconteceu de a câmera demorar demais para “encontrar” o foco de uma cena – algo bastante comum em situações de pouca luz – e por conta disso você acabou perdendo a foto, da próxima vez experimente tentar pré-focalizar antes (com o perdão da redundância) apertando o botão até a metade. Se a idéia for fotografar o salto de um cavalo, por exemplo, deixar o foco preparado antes do salto aumentará consideravelmente suas chances de capturar o momento exato, pois a câmera não perderá preciosos milissegundos “caçando” o foco.
Outra questão é que tudo isto é feito baseado no que a câmera “acha” que é o elemento principal da foto, geralmente por estar no centro do quadro. Em relação à exposição, é comum a câmera considerar uma média ponderada da iluminação da cena toda, com um peso maior para o tal suposto elemento principal. Mas, tanto para o foco, quanto para a exposição, esta nem sempre é a melhor solução.
As câmeras mais avançadas costumam ter vários modos de cálculo de exposição e as mais recentes estão ficando cada vez melhores na adivinhação do elemento principal, muitas vezes procurando por rostos para decidir no que focalizar. Por enquanto, vamos deixar isso de lado e imaginar que a câmera escolheu o elemento errado, o que ainda é bastante comum.
Se você precisar “ajudar” a câmera a focalizar ou medir a luz no ponto certo, em geral por ele não estar centralizado, basta fazer com que fique no centro, apertar o botão até a metade e, sem soltá-lo, voltar ao enquadramento original para “terminar” de tirar a foto. Em outras palavras: primeiro você faz o foco e define a exposição com o seu ponto de interesse centralizado, para só depois cuidar do enquadramento.
Na maioria das fotos isso pode não ser necessário e, portanto, não fazer diferença alguma. Mas experimente, por exemplo, tirar uma foto de um pôr-do-sol, sem que o astro esteja no centro do quadro. Muito provavelmente a câmera vai considerar a imagem como um todo meio escura e optar por uma abertura grande e/ou exposição lenta. Já se a você calcular a exposição com o sol no centro do quadro, a câmera optará por captar menos luz, produzindo aquele sol avermelhado rodeado pelo céu mais escuro que as pessoas costumam preferir.
Elementar? Para quem está acostumado a ler sobre fotografia na internet, pode ser. Mas a idéia para este post surgiu justamente durante o pôr-do-sol ao lado, que eu e mais uma dúzia de turistas esperávamos para fotografar. Nenhum deles conhecia o “truque” de pré-calcular a exposição, mas depois que o primeiro entendeu o que eu estava fazendo, todos começaram a experimentar também e voltaram para casa com fotos bem mais interessantes!
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