O QUE É LATITUDE DE EXPOSIÇÃO OU DYNAMIC RANGE?



Na semana passada explicamos o que é e para que serve o histograma, aquele gráfico que representa a distribuição da luminosidade de uma imagem. E, no final da coluna, comentamos que um histograma cortado em ambas as extremidades costuma ser resultado de uma foto com contraste demais para a latitude de exposição da câmera. Pois hoje vamos tratar de entender o que é isso.

Latitude de exposição, também chamada de alcance dinâmico, na tradução literal da expressão em inglês dynamic range, é a relação entre o maior e o menor valor possível de algo que se esteja contabilizando. Normalmente é usada para medir a variação de som (em decibéis) ou, o que mais nos interessa aqui, de luz (em bits ou f-stops). Quando falarmos a latitude de exposição daqui para frente, portanto, estaremos nos referindo à sua aplicação na fotografia digital.



Dizem que a visão humana é capaz de diferenciar luminosidades em uma faixa de até 24 f-stops. Só que isto é levando em conta a fantástica capacidade de adaptação dos nos olhos, cujas pupilas se dilatam para captar mais luz ou se contraem em ambientes muito iluminados (lembram da coluna sobre olhos vermelhos?). Em outras palavras, somos capazes de ver luzes muito fracas em um quarto escuro, mas não se tivermos acabado de chegar da praia em um dia ensolarado.

Descontando o ajuste da pupila, seríamos capazes de identificar, em uma mesma cena, algo entre 10 e 14 f-stops. Ainda assim impressionante se considerarmos que, conforme mencionado na semana passada, uma câmera digital típica captura uma variação de 5 stops – equivalente à dos filmes de slides. Já as reflex full-frame podem chegar a 13 f-stops no ajuste de ISO mais baixo, igualando ou mesmo superando o desempenho dos filmes negativos.

E a minha câmera?

Para saber a latitude de exposição da sua câmera, você tanto pode fazer uma busca na internet para ver se alguém já fez o teste, quanto descobrir por conta própria. O Imatest, especializado em avaliação de desempenho de câmeras digitais, oferece uma versão simplificada de seu sistema, oImatest Studio, com testes dedicados à mensuração de latitude de exposição.

Se a sua câmera tiver ajuste manual de velocidade e abertura e você não fizer questão de resultados cientificamente precisos ou quiser economizar os US$ 100 do programa, no entanto, pode dar uma improvisada. No modo manual, trave a velocidade e ajuste a abertura para o menor f-stop (a maior abertura) que produzir uma imagem totalmente preta (pode ser preciso conferir a foto no computador para ter certeza disso).

A partir daí, sempre apontando para a mesma imagem, vá diminuindo o f-stop gradualmente até a imagem ficar totalmente branca. O número de stops entre uma e outra deve ser a sua latitude de exposição, lembrando apenas que ela varia de acordo com o ajuste de ISO (a sensibilidade do sensor) e que estamos falando de “full” f-stops (f/1,4, f/2, f/2,8, f/4, f/5,6, f/8, f/11, f/22 e assim por diante), então nada de contar os stops intermediários.

Limitação nem sempre é o sensor

Um outro detalhe importante é que a latitude de exposição de uma foto digital pode ser limitado não pela capacidade do sensor, mas pelo processo de digitalização (pois, como já dissemos, o sensor, em si, é analógico) ou armazenamento. Sabe quando um fabricante diz que determinada câmera tem um conversor analógico-digital de sei lá quantos bits? Isso termina a latitude de exposição máxima teórica daquele modelo.

Um conversor de 10 bits é capaz de codificar 1024 níveis (2 elevado à décima potência), um de 14 bits suporta 16.384 (2 elevado a 14) e assim por diante. Com som é a mesma coisa, tanto que dissemos lá no início da coluna que dynamic range também se aplicava a sinais de áudio. Na prática, entretanto, as imagens captadas por uma câmera digital acabam sofrendo de excesso de ruídomuito antes de esgotar a capacidade de codificação de seus conversores.

Já em relação ao armazenamento, os leitores mais atentos já devem ter percebido que falamos de conversores de 10 bits, quando o formato JPG tradicional, usado pela maioria dos fotógrafos amadores, codifica as imagens em 8 bits. Ele até consegue reproduzir uma latitude de exposição maior graças ao mapeamento dos tons da imagem, mas definitivamente não é a melhor opção. Bom mesmo é fotografar em RAW, principalmente se você quiser produzir imagens HDR (abreviatura de High Dynamic Range). Mas isto é assunto para uma próxima coluna.

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